Ver aves por uns binóculos ganha cada vez mais adeptos
   
  Perseguir uma ave só com o olhar é entretenimento paciente. Cresce em Portugal o entusiamo por esta actividade no meio natural. Ao certo, sabe-se que já serão 1500 os praticantes em Portugal. De preferência até meio da manhã ou duas horas antes de o sol cair, eles fazem aquilo que um observador de aves tem de fazer estão à coca para usufruir de um bater de asas, de um chilreio ou de um voo planado.
 
É preciso gosto e equipamento, explica ao JN Domingos Leitão, da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA). Segundo este biólogo, doutorado em Ecologia e em Biossistemática, a observação de aves, além de actividade lúdica e recreativa para quem a pratica, contribui para valorizar o património natural e para a conservação deste. E isto se forem seguidas as regras de conduta que são apanágio de quem se considera mesmo observador. Este andará por picadas e carreiros, com o cuidado de perturbar o mínimo, sabendo também que o silêncio é seu aliado. Se não sabe, aprende, logo nas primeiras experiências,
Abetarda tem corpulência idêntica à de um peru, mas voa. Deixa-se observar a um mínimo de 300 metros.
 
que um exemplar desaparecerá de vista se se sentir perturbado. Por isso também, os grupos de observa ção não vão além das seis oito pessoas.
De acordo com Domingos Leitão, há espécies que permitem uma proximidade relativa, como os chapins e pintassilgos. Já as aves de rapinas e as aquáticas não permitem observação de perto. No caso da abetarda, cujo macho adulto pesa 16 quilos, terá que ser mantida uma distância de pelo menos 300 metros.
Há motivos de interesse um pouco por todo o território, assegura Domingos Leitão. E dá exemplos o Douro é essencial para se avistar as aves de rapina (abutre do Egipto, grifos, águia real e águia de Bonelli), bem como a cegonha preta. Aí se encontra também a gralha de bico vermelho, que está presente ainda no Alvão e no Gerês, na serra de Aires e Candeeiros e na zona de Sagres. Na zona de Aveiro avista-se a garça vermelha e é aí que ela é mais abundante em Portugal. O lendário grou, com mais de um metro de altura, oriundo da Escandinávia e que nos visita durante o Inverno, pode ser visto em três ou quatro sítios do Alentejo.
De acordo com Domingos Leitão, o período do ano mais profícuo em aves para observar é a Primavera, trate-se de exemplares residentes ou migradores"Há maior exuberância nos comportamentos e nas cores da plumagem", afirma o biólogo. Mas ao longo de todo o ano há oportunidades, seja no rio Minho, na ria de Aveiro, no Baixo Mondego ou nas imediações de Lisboa. O Inverno também é interessante no Sul. O observador de aves não sofrerá de monotonia: em Portugal é possível avistar cerca de 300 espécies.

Jornal de Nóticias: Gabriel Sierra - Foto Eduarda Ferreira